quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Breve introdução

Ainda nos dias de hoje, muito se fala sobre o problema do uso das drogas e da sua dependência . Jornais, noticias na televisão ou conversas entre amigos. Ela está presente em conversas mais liberais ou em confissões reservadas. Contudo é evidente: a droga está um pouco por toda a parte. Na verdade está definido que:


"A Toxicodependência é, assim e de acordo com a Declaração de Lisboa de 1992, expressão de um sofrimento e determina dificuldades físicas, psíquicas e sociais, sendo que, mesmo a de evolução mais prolongada, deve ser considerada como uma situação transitória. O tratamento de um toxicodependente deve assentar na garantia de uma intervenção ao nível físico, psíquico e social, e obrigatoriedade e necessidade de equipas profissionais e multidisciplinares.
Como tal, não basta parar o consumo, dado o conjunto de equilíbrios que se encontram enraizados no consumidor, mas sim tratar a dependência com vista à reabilitação, reduzindo ou eliminando o (ab)uso das substâncias, diminuindo as consequências negativas deste comportamento para o próprio e sociedade em geral."



Por isto e por ser importante clarificar mais alguns conceitos, segue-se o texto seguinte:


"O fenómeno da toxicodependência é um problema macro-social, de grupo e individual, e no qual se encontram factores individuais, familiares, económicos, políticos e civilizacionais. O homem usa estas substâncias há milhares de anos para divertimento, evasão, fins medicinais, iluminação espiritual e em cerimónias rituais. É só a partir do século XIX que passou a haver uma distinção entre o consumo de substâncias psicoactivas para fins medicinais e recreativos, evoluindo para as substâncias químicas modernas que agravam desvios de comportamento. “…condenados a aprender e gerir as nossas dependências, com o objectivo de que delas advenha o mínimo de sofrimento para a Humanidade” (Poiares, Droga, Lei & Saber, 2001), importa sobretudo determinar e compreender quais as razões que levam um indivíduo a recorrer ao uso e/ou abuso de drogas.
Mas em que consiste a dependência de substâncias psicoactivas? De acordo com os tratados internacionais de controlo de drogas (vide www.unodc.org), a Toxicodependência é o uso de qualquer substância sob controlo internacional com outros fins que não médicos e científicos e que altera os processos bioquímicos ou fisiológicos do organismo. Segundo a Associação Psiquiátrica Americana as alterações psicológicas e comportamentais desadaptativas associadas à intoxicação como mudanças de humor, perturbações de percepção, défice do funcionamento sócio-ocupacional, devem-se aos efeitos fisiológicos da substância desenvolvidos sobre o sistema nervoso central. Tais perturbações variam de acordo com a substância ingerida, dose, duração ou regularidade da dose, tolerância, período entre as doses, expectativas quanto aos seus efeitos e ao contexto em que é tomada.
O uso problemático de substâncias psicoactivas pode advir da manutenção de determinado padrão de consumo ou das próprias características do consumo. Independentemente das vezes que se consome determinada substância, o seu uso pode considerar-se problemático se entre outras:


- Consumo compulsivo- Mistura substâncias
O abuso pode levar à dependência, embora existam abusos com consequências assaz nefastas que ainda não causaram dependência. Fala-se, assim, de tolerância quando se repete o consumo da substância e esta produz cada vez menos efeito levando a um aumento do consumo para obter as sensações anteriores. No caso do álcool, a primeira vez que se bebe fica-se num estado de euforia e para obter esse efeito passados meses ou anos serão necessárias doses 4 a 5 vezes mais elevadas. Esta característica das drogas leva muitas vezes as pessoas a testarem e a compararem os seus limites, atitude esta que fomenta uma competição pelo “Eu aguento mais…”.

Por outro lado, referimo-nos à dependência quando existe um consumo repetido, em quantidades consideráveis e quando a pessoa tem dificuldades em permanecer sem consumir, mesmo tendo conhecimento dos efeitos negativos. Ao suspender-se o consumo, surge um mal-estar acompanhado de sensações desagradáveis que a pessoa sente como dolorosas e que para aliviá-las repete os consumos de forma compulsiva.
Quando mencionamos drogas referimo-nos não só às denominadas substâncias psicoactivas ilegais, como a heroína, cocaína, ecstasy, cannabis, anfetaminas, mas também às legalmente comerciáveis como álcool, tabaco e psicofármacos, as quais causam tantos ou mais danos à saúde individual e pública. Quer directa ou indirectamente, o uso de drogas pode provocar ou desencadear distúrbios mentais e físicos graves, aumenta os riscos de transmissão de doenças infecto-contagiosas, criminalidade, agressões à integridade física própria ou de terceiros, e em última instância a morte.
A atracção por estas substâncias resulta do facto de alterarem o modo como as pessoas sentem e apreendem o mundo que as rodeia. E é precisamente na modificação da química cerebral induzida pelas substâncias psicoactivas que reside o problema do seu consumo, ao alterar de tal modo a percepção e a visão do mundo com as respectivas consequências e efeitos, de leves a muito graves e mesmo à morte. Todas as substâncias psicoactivas oferecem um prazer imediato a troco de um mal-estar de seguida, não podendo esquecermo-nos que o seu consumo resulta de uma vontade, desejo, impulso ou instinto, devendo ter-se em conta todo um conjunto de emoções que lhe subjazem – curiosidade, dor, engano, maldade, desilusão, obsessão, desespero, esperança.

À que reconhecer que as drogas contribuem para a (de)estruturação da identidade individual e social (despersonificando e desorganizando pessoal e socialmente), actuando sobre as emoções que controlam os conflitos internos e externos; bloqueando afectos angustiantes e penosos; e muitas vezes acabando por potenciar certos tipos de actividade social através das sensações causadas pelo consumo ocasional da substância."




Sem comentários:

Enviar um comentário